Depois da copa do mundo realizada no Brasil, na qual a seleção brasileira protagonizou o maior vexame da história das copas, os treinadores antigos do Brasil começaram a ser chamados de ultrapassados e a partir de então isso se tornou um clichê. Se um treinador antigo não faz um ou dois trabalhos bons em sequência, automaticamente passa a ser rotulado como ultrapassado, não presta mais, precisa se aposentar ou ir para as “zoropas” estudar.
Por outro lado, os treinadores da nova geração (que vão estudar na europa) são taxados como projetos de treinadores, fracassados, que não terão sucesso e até mesmo como pardais por quererem “inventar” caso não entreguem resultados positivos rapidamente ou busquem fazer uma “nova” forma de jogar. Se o antigo não traz inovação, ele precisa se aposentar ou ir estudar. Se o novato traz algo diferente, ele tem que ser demitido porque não há tempo para isso. Resumindo: não há respeito pelos profissionais, sejam eles da velha ou nova geração. Aqui nós vivemos na base do: ganhou? é bom. Perdeu? não presta. Uma república simplista e contraditória, na qual é errado tentar fazer uma saída curta ou jogar reativo. Não há respeito e apreço pelo jogo, a grande maioria quer vender uma narrativa barata para alimentar seu ego e pelo grande prazer em detonar o trabalho alheio.
Eu não sei qual dos dois será o grande campeão do campeonato nacional, mas eu tenho certeza que um será taxado como herói e terá todos os holofotes o colocando no Olimpo, enquanto o outro irá para o inferno.
Rogério Ceni e Abel Braga: um que só está no começo da sua carreira, e o outro que já está perto do fim. E lá estão eles, disputando o título do Brasileirão, onde suas equipes jogaram bola, competiram e no fim essa equipe não foi tão bom quanto deveria, no último suspiro perdeu o campeonato e deixou sua torcida frustrada. Mas é assim que é a vida: um ganha, outro perde. Um sorri, outro chora.
Os treinadores brasileiros, sejam eles de qualquer geração, merecem respeito. Eles são profissionais, possuem ideias diferentes, pensam diferente, mas com o mesmo objetivo: vencer. O ultrapassado deixou de ser ultrapassado com a conquista, enquanto o moderno está sendo taxado como um entregador de coletes que não tem capacidade para treinar grandes equipes. O moderno subiu de patamar e passará a ser visto com outros olhos pelos grandes centros, enquanto o ultrapassado, bem, ele continuará sendo um ultrapassado incompentente que deveria ter se aposentado antigamente.
Parabéns, Rogério Ceni/Abel Braga. Você trabalhou muito para este momento. Foi competente. Seu time jogou bola e venceu o campeonato.
Parabéns também Rogério Ceni/Abel Braga! Ninguém vence sempre, talvez não fosse o seu momento de despedida ou começo de uma grande trajetória.