Todos nós sabemos que a maioria das pessoas que consomem futebol no país não gostam de futebol em si, essas pessoas gostam do seu time e da vitória deles. A maioria delas não quer saber se seu time vai jogar bem ou mal, eles querem vencer e é só isso que importa. Eles não querem saber todo o contexto que pode lhe favorecer ou prejudicar para que leve ao sucesso ou fracasso. Mas vamos lá…
O nosso futebol é (des)organizado pela maior confederação do país. As federações também são desorganizadas e não levam nada de bom ao seu estado. Aqui nós temos um calendário cheio de jogos, sem tempo de descanso e com a maioria dos treinadores andando com a corda no pescoço a cada domingo ou quarta-feira, temendo qualquer tropeço. Fora que alguns treinadores não recebem salário, os bons jogadores estão lesionados ou com COVID. Mas por que isso afeta tanto? Grande parte dessa pressão absurda e desonesta é por conta da mídia e dos influencers. Eles são os formadores de opinião, muitas pessoas que não têm conhecimento sobre por falta de tecnologia ou poder aquisitivo para comprar um livro ou fazer um curso se baseiam nessas pessoas. Não são todos os jornalistas e influencers que são sensacionalistas ou injustos com os treinadores e jogadores. Alguns são justos. Eles sabem que o treinador precisa de tempo para implantar e consolidar seu modelo de jogo. Sabem que o treinador precisa de peças, precisa de adaptar ao seu elenco, precisa conhecer e se adaptar ao ambiente. Sabe que o jogador não é um robô, sabe que ele pode estar passando por um problema familiar, no próprio clube e tudo mais. Não é da noite para o dia que isto acontece, nem em duas semanas ou um mês. O futebol é muito mais complexo.
Fico me questionando o porquê dessa outra parte da mídia e dos influencers em detonar um treinador simplesmente por não gostar (ou não entender) o seu estilo de jogo. Por aqui nada presta. Eles gostam de reclamar de tudo. Reclamam do treinador que é reativo, reclamam do treinador que é propositivo, reclamam do treinador que joga com 3 zagueiros, reclamam do treinador que joga com 3 volantes, falam mal do escanteio curto, falam mal da saída curta, reclamam de que joga no chutão,. Aqui é um festival de reclamação, mas eles sequer procuram se informar e levar um argumento plausível para defender o seu ponto de vista. Eles só falam por falar, pra encher o saco e causar polêmicas. O futebol é muito maior do que tudo isso. É errado alguém querer falar que certa forma de jogar não presta ou que é ruim. No futebol todos estão pelo mesmo objetivo: vencer. Não importa se vai ser de forma a, b ou c, o que importa é vencer de forma justa e honesta. Não há um pergaminho falando que no futebol você só pode ser daquela forma. O futebol é como o povo, a vida, as fases da lua, o clima, as religiões, etc…
Mas lembremos: os árbitros de futebol no Brasil não são profissionalizados. Grande parte da mídia e dos influencers gostam de ironizar quem busca estudar e trazer uma visão tática sobre o que é consumido no Brasil. Eles negligenciam os estudos, falam mal dos treinadores estrangeiros… Gostam de viver na eterna mesmice e mediocridade. É verdade que existe muito “mala” que produz análise por aí, usam linguagem complicada, se acham os donos da razão e que ninguém pode discordar. É um câncer que está instalado no Brasil.
Nós precisamos nos qualificar mais, ser mais honestos, buscar mais a nossa melhora em tudo na vida. Melhorar como ser humano, como profissional, sermos mais humildes. Respeitar a forma de jogar diferente do “meu gosto”, respeitar os jogadores, treinadores, a mídia, influencers, analistas. Creio que nosso debate seria muito melhor e o futebol seria bem mais consumido. E o grande erro está em quem comanda essa pelada por aqui.
O que pode ser feito para melhorar o debate e o jogo? Pessoas qualificadas na sua área. Gestores, jornalistas, influencers, analistas mais capacitados para exercer sua função. Há cursos ótimos sobre qualquer área do futebol. Estudo, capacitação e honestidade sem opinião subjetiva pode melhorar tudo isso.