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RAIO X DA DERROTA: A MELHOR SELEÇÃO DESDE 82 QUE JAMAIS FOI CAMPEÃ

Por: João Bosco Neto (@obosquin)

Foto de:Bruno Cassucci – Ge.globo

Quase 24 horas após mais uma decepção, criei coragem para tentar dissecar mais uma eliminação do Brasil. Novamente nas quartas de finais, de forma melancólica, com uma seleção que durante 4 anos nos encheu de esperança e deu quase uma certeza que em 2022 seriamos hexacampeões.

Fazendo um paralelo com outra paixão minha, o basquete, era como se esse time fosse o Indiana Pacers de 2005, onde o Reggie Miller seria o Neymar, um baita jogador (e coincidentemente os 2 jogam de armadores) que não tinha o maior título e que tinha como missão levar um elenco jovem e muito promissor ao título. Ambos os times não eram brilhantes, mas eram resultadistas e cascudos apesar da idade. Também passaram por um trauma recente, a perca do campeonato regional para o maior rival (Copa América de 2021 e as finais de conferencia de 2004) e que infelizmente não alcançou o seu objetivo máximo.

Depois do fracasso que acabou em tragédia (essa história você pode acompanhar no documentário Untold da Netflix) Reggie Miller se aposentou e o elenco de jovens foi desfeito. Na seleção, há uma alta probabilidade de essa ter sido a última copa do Neymar, porém acredito que a base dessa seleção será a mesma para 2026.

Era talvez a melhor chance que tivemos de vencer uma copa desde 2002. A geração é ótima, o time foi soberano durante 4 anos, líder do ranking da Fifa, voltava a ter carinho do torcedor após muito tempo, e era tida pela mídia mundial como franco favorita. Infelizmente a realidade bateu a porta, e um time inexperiente e um treinador bom, porém, medroso e muitas vezes equivocado nos custou a 6ª estrela.

É evidente que o Brasil dificilmente fez jogos brilhantes esse ciclo, era um time bem mais engessado que o time de 2016-2018, mas foi um time vencedor e cascudo durante 4 anos. Evidentemente muitas peças que jogaram contra os Estados Unidos em 2018 não sustentaram bom desempenho até a estreia contra a Sérvia, mas, um grupo unido e forte foi montado. Campeão da Copa América, campeão olímpico, passeou nas eliminatórias, tudo conspirava ao nosso favor, mas alguns erros de 2018 foram cometidos.

Não fizemos uma copa brilhante, mas, nos jogos que fomos efetivos vencemos. Jogo difícil contra a Sérvia, mas foi 2×0, o mesmo contra a Suíça, + 3 pontos, entraram de salto alto contra Camarões e derrota, foram displicentes em finalização, e a mesma displicência se viu contra a Croácia. O nervosismo com toda a certeza do mundo atrapalhou, Livakovic pegou 10 dos 11 chutes brasileiros, mas seu trabalho foi facilitado pois a grande maioria deles foi em cima do próprio. Uma hora eram chutes muito ensaiados, onde o tempo de bola era perdido, em outras, eram chutes afobados, claramente sem capricho, sinais fortíssimos de um time abalado e sem psicológico. E falando em psicológico, ouve novamente uma rejeição ao um psicólogo na comissão técnica, e mais uma vez fomos eliminados pela falta de um mental forte.

Falando de Tite, foi engolido por Zlatko Dalić, onde o treinador brasileiro escalou um meio campo pouco marcador, dando liberdade a Luka Modric, maior craque da história da Croácia, fazer o que queria com nosso meio campo. As vezes eu brinco ao falar que o Modric é o Zidane da minha geração, e hoje, fez tal qual o craque francês em 2006: Desfilou em campo, botou nosso meio no bolso, e levou a sua seleção as semifinais. Fora um meio campo mal montado, o sistema defensivo estava totalmente desencaixado, o time não conseguiu pressionar a saída de bola da Croácia em nenhum momento do jogo, e teve muita dificuldade ao criar jogadas, não sabendo ser mais criativo ou sair do travado jogo posicional que limitou a atuação de muitos bons atletas brasileiros.

As alterações foram quase que em sua total maioria, equivocadas. A entrada de um inexperiente e pouco agregador Pedro, um Antony que ciscava muito e produzia pouco, tirou o melhor jogador do time na copa para pôr um meio campista improvisado de ponta, fora a entrada desacertada do Fred, que não fez boa copa, estava evidentemente nervoso, e acabou culminando no gol croata.

A postura inexperiente do Brasil mostrou uma evidente falta de pulso do treinador e dos capitães da equipe em momentos complexos da partida. Se expor com 7 jogadores faltando 4 minutos para o fim de uma partida, com o placar mínimo de vantagem é uma piada de mal gosto, assim como todo o sistema defensivo da equipe no momento do gol, onde nenhum volante estava fazendo a sua função primaria, defender a entrada da área. Nenhuma catimba, falta técnica, cavada de falta, firula, nada para gastar o tempo ou paralisar o jogo foi feito enquanto nossa equipe tinha a posse e a vantagem no placar.

Nós pênaltis, uma postura covarde e vergonhosa do nosso treinador, que jogou toda a pressão para os auxiliares e jogadores e foi ver a disputa no vestiário mostra que apesar de um bom entendedor de jogo, Tite não é um bom líder. A ordem foi totalmente equivocada. Apesar de concordar com Neymar no ultimo pênalti, acredito que era para o mesmo ter batido o 2º ou o 3º após o erro de Rodrygo, que para mim nem deveria ter ido a marca da cal, e a série deveria ter sido iniciada por Casemiro ou Marquinhos.

Mais uma dolorida e vergonhosa eliminação para uma geração promissora, que pode sim dar a volta por cima, mas que vendo todo o contexto, criou a eliminação mais dolorosa e surpreendente desde a fantástica e também decepcionante geração de Zico e Telê Santana em 1982.

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